Capítulo 3
O carro avançou pelo condomínio e parou diante de uma charmosa casa de três andares com jardim.
Camila entregou a chave do carro para o funcionário e entrou na casa com passos firmes, sendo recebida pelo calor aconchegante do aquecedor que dissipou o frio do seu corpo.-
Ignorando os empregados que a cumprimentavam, ela subiu direto para o quarto, determinada
a arrumar suas coisas.
Só de pensar que Lorenzo tinha voltado a se comunicar com Valentina pelas suas costas, e até envolvido o filho deles, o estômago de Camila revirava de raiva e ânsia de vômito.
Ela não queria passar mais um segundo naquela casa..
Havia muitas coisas para levar, mas ela encheu uma mala grande apenas com roupas íntimas, algumas roupas de inverno e joias valiosas que usava com frequência.
Ao abrir a gaveta do criado–múdo, ela encontrou um cartão adicional.
Esse cartão estava vinculado à conta de Lorenzo.
Provavelmente, por acreditar que o casamento era uma imposição dos mais velhos, Lorenzo sempre foi crítico e desconfiado, nunca lhe dando uma mesada.
O filho tinha seu próprio cartão.
Mas Camila, apenas o cartão adicional de Lorenzo.
No passado, iludida, ela achava que ter um cartão adicional era um gesto de carinho e proximidade. Mais tarde, percebeu que era só uma forma de controle.
Cada vez que usava, Lorenzo era notificado de todos os gastos.
Contudo, Camila quase não usava o cartão; quando usava, era para comprar algo para a casa, mas, na maioria das vezes, usava seu próprio salário.
O emprego de Camila foi uma conquista sua.
Ela queria estar mais próxima de Lorenzo, então se candidatou ao departamento de tecnologia do Grupo Marques. Com seu doutorado em computação pela Universidade Real, ela foi imediatamente rejeitada, sem nem mesmo uma entrevista.
Só soube depois que foi por ordem de Lorenzo.
O Grupo Marques não a aceitava.
Na época, Lorenzo disse algo como:
“Se você quer ser a Sra. Marques, então fique em casa e seja a Sra. Marques. Não se preocupe com os assuntos da empresa.”
02:00
Capítulo 3
Relembrando agora, sete anos de pequenos e grandes desgostos.
Eles algum dia tiveram uma relação de verdade como marido e mulher?
Camila não tocou no cartão adicional, apenas pegou suas joias valiosas. Sem disposição para uma arrumação mais detalhada, jogou tudo na mala e desceu com ela.
Marta, ouvindo o barulho, saiu da cozinha. Ao ver a senhora com a mala, ficou surpresa e a alcançou rapidamente. “Senhora, a senhora vai…?”
“Viagem de trabalho.”
Camila respondeu sem se aprofundar em explicações.
Conhecendo Lorenzo há tantos anos, compartilhando a cama, ela sabia bem do caráter implacável e vingativo dele. Nem mencionando suas táticas no mundo dos negócios, antes do casamento, qualquer desentendimento entre eles resultava em meses de silêncio por parte
dele.
Ela não mostraria suas cartas antes de ter uma conversa tranquila com o advogado no dia
seguinte.
Sem amor, é hora de falar de dinheiro.
Depois de servir essa família por sete anos, mesmo com toda a desconfiança deles, ela merecia alguma compensação, mesmo que a divisão de bens fosse complicada.
Saindo da casa, Camila dirigiu até próximo do trabalho.
No caminho, já havia alugado um apartamento espaçoso, todo mobiliado e pronto para morar, pois não pretendia ficar muito tempo por ali.
Atualmente, ela trabalhava no departamento de tecnologia de um banco.
Em três anos, passou de técnica júnior a líder de equipe, mas não gostava desse trabalho.
Inicialmente, escolheu computação na Universidade Real porque era uma área lucrativa, e na época ela precisava de dinheiro.
Para computação, a graduação na Universidade Real era suficiente.
Tendo juntado o dinheiro que precisava, poderia então seguir sua paixão.
Mas depois, ao descobrir que Lorenzo tinha interesse em computação e inteligência artificial, ela reprimiu seu amor por design artístico, optando por continuar seus estudos em
computação na Universidade Real para tentar se aproximar mais de Lorenzo, criando temas
em comum para conversarem.
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