capitulo 3
capítulo 3
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Enquanto eu ainda processava tudo, a mãe de Rafaela veio marchando até mim, seu rosto contorcido de raiva.
-Mirabel! Seu sobrinho jogou suco na minha filha! Se não fosse Orfeu colocando ele no lugar, a família Nunes não deixaria isso barato!
Orfeu rapidamente tentou se justificar:
Mirabel, eu só queria acalmar a situação. Se não disciplinasse Eurico, a família dela faria algo pior.
-Eu peguei leve, eu juro. Ele não se machucou de verdade,
Engoli a fúria.
Meus olhos ardiam de raiva ao encará–lo.
Eurico tinha o rosto inchado, os lábios cortados, o sangue ainda escorrendo pelo queixo.
Isso era pegar leve?
Orfeu percebeu minha revolta e desviou o olhar, ciente da própria culpa.
Voltei–me para Sra. Nunes, meu tom carregado de ironia.
Que engraçado, Sra. Nunes.
Há meia hora, sua filha estava prestes a se jogar do alto do prédio.
Foi por minha causa que ela está viva.
Dei um passo à frente, ignorando a dor na barriga.
–
–
Se formos colocar na balança, sou a salvadora da sua filha.
Meu sobrinho veio à cerimônia para celebrar meu casamento…
E encontrou outra mulher no meu lugar.
– Achando que sua tia foi humilhada, ele se exaltou e jogou uma taça de vinho.
Parei por um instante, deixando o silêncio pesar no ambiente.
Então me diga, Sra. Nunes…
Será que, como salvadora da sua filha, eu posso pedir que deixemos esse pequeno incidente para lá?
O rosto de Sra. Nunes escureceu na hora.
Ela queria retrucar, mas sentiu o peso dos olhares ao redor.
E assim, limitou–se a soltar um resmungo e virar o rosto.
Segurada por Eurico, finalmente me levantei.
Orfeu me observava preocupado.
Mirabel, você está pálida.
Eu o ignorei completamente.
Agarrei o braço de Eurico e sussurrei:
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capitulo 3
مرتيه
Liga para uma ambulância. Agora.
Eurico não hesitou.
Pegou o celular e discou imediatamente.
O pânico começou a se espalhar pelo salão.
Mas o quê? Orfeu se aproximou, confuso.
-Por que uma ambulância? Eu só te empurrei um pouco!
Rafaela riu de canto, sarcástica.
–
Ah, entendi…
Está tentando usar isso para fazer Orfeu, se sentir culpado, não é?
Orfeu franziu o cenho, hesitante.
É isso mesmo, Mirabel?
– Você sabe que eu detesto esse tipo de joguinho.
Senti Eurico enrijecer ao meu lado, pronto para atacar Orfeu.
Mas segurei seu pulso.
Não valia a pena.
Apenas respirei fundo e sussurrei:
Me leve para a porta.
Eurico não hesitou, me segurando enquanto eu pressionava a barriga, tentando conter a dor crescente.
Cada passo era um esforço.
Cada movimento um lembrete do que estava acontecendo comigo.
Mas continuei andando.
Uma voz gritou do meio da multidão:
Srta. Rafaela desmaiou!
Orfeu imediatamente se virou.
Seu olhar antes preocupado comigo… desapareceu.
Ele correu até Rafaela, segurando–a nos braços como se fosse feita de vidro.
– Levem–na para o hospital! Agora!
Olhei para Orfeu
Para aquele que me destruiu.
E, enquanto ele desaparecia na multidão carregando Rafaela nos braços, meu coração se contraiu.
A dor dentro de mim era insuportável.
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Não só a dor física…
Mesmo nos nossos momentos mais felizes, ele sempre escolheu Rafaela.
Se eu tivesse enxergado isso antes, será que teria evitado o destino cruel da minha vida passada?
Eurico segurou minha mão com força, seu olhar cheio de tristeza e raiva.
Não fique assim, tia. Eu sempre vou estar ao seu lado.
Seu toque era quente, reconfortante.
Olhei para ele e sorri, apesar da dor.
Não se preocupe, Eurico. Eu não estou triste.
Mas ele não acreditou.
Seu rosto se contorceu de raiva.
Quando eu crescer, nunca mais vou deixar ninguém te machucar!
Chegamos à entrada do hotel.
A ambulância já estava ali, pois o hospital não ficava longe
Mas antes que eu pudesse sequer me aproximar, uma mulher surgiu correndo.
– Doutor! Salvem minha filha, por favor! Ela desmaiou!
Antes que eu pudesse reagir, fui empurrada com força para o lado.
Se não fosse por Eurico me segurando, teria caído feio.
Minha paciência chegou ao fim.
Levantei o olhar, furiosa, pronta para gritar…
E então o vi.
Orfeu.
Saindo do hotel, carregando Rafaela nos braços.
Seus olhos cruzaram com os meus, mas não havia culpa.
Nenhum remorso.
Mirabel, você só caiu no chão.
Sua voz era fria.
Mas Rafaela desmaiou.
Ela precisa da ambulância mais do que
você.
Vou pedir para o motorista te levar para casa, assim você pode descansar.
O absurdo daquelas palavras me atingiu como um tapa.
Minha barriga doía cada vez mais.
capitulo 3
A dor não era normal.
Eu sabia que precisava de ajuda médica.
E sabia que Rafaela estava fingindo.
Sacudi a cabeça, lutando contra as ondas de dor.
– Não.
Minha voz tremeu, mas me mantive firme.
Não posso ceder a ambulância. Eu preciso ir ao hospital!
Foi então que Sra. Nunes avançou contra mim.
Sem aviso, sua mão atravessou o ar e atingju meu rosto com força.
A bofetada ressoou no silêncio.
Sua vagabunda! – Ela cuspiu, furiosa.
Quem você pensa que é para competir com minha filha?!
Eurico, feroz de raiva, tentou revidar.
Mas antes que pudesse chegar perto, os seguranças o seguraram e o jogaram no chão.
Caí ao lado dele, o impacto enviando uma onda de dor insuportável pelo meu corpo.
Minha visão escureceu por um instante.
O bebê…
Apoiando–me no chão, busquei o olhar de Orfeu.
Pedi ajuda.
Mas ele…
Ele desviou os olhos.
Seus ombros tensionaram.
Então, disse, sua voz cheia de frieza e desprezo😕
Sra. Nunes só está preocupada com Rafaela.
E, Mirabel… estamos falando de uma vida.
-Não é hora para brigas mesquinhas.
Meu coração se estilhaçou.
Os olhares ao nosso redor eram cheios de julgamento.
Sussurros cortavam o ar.
Acho que ela só fingiu ser boazinha.
– No final, só queria atenção.
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capítulo 3
Primeiro cedeu o noivo, agora quer chamar a ambulância de volta?
Orfeu passou por mim sem hesitar, carregando Rafaela nos braços.
Subiu na ambulância sem sequer olhar para trás.
Antes que a porta se fechasse, ele se virou brevemente.
Me encarou.
E então, com aquele tom hipócrita e cheio de falsa piedade, lisse:
Mirabel, você sempre foi uma mulher bondosa. Tenho certeza de que vai entender minha escolha, não é?
E não esperou pela minha resposta.
Apenas entrou na ambulância e partiu.
Fiquei ali, vendo as luzes vermelhas desaparecerem.
Meus olhos queimavam.
Minha garganta doía.
E então, tudo desabou.
– ORFEU, SEU MALDITO!
Minha voz ecoou pela rua.
No instante seguinte, um grito atravessou o silêncio.
Meu Deus! Olhem as pernas dela!
Uma mulher apontava para mim, horrorizada.
Olhei para baixo…
E então vi.
Sangue. 1
Muito sangue.