capítulo 10
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-Porque eu também me sinto culpado pela sua morte.Benício respirou fundo antes de continuar.
-Se eu tivesse sido mais corajoso… se tivesse te contado que foi Orfeu quem subornou sua colega de quarto para te acusar de plágio…
-Se eu tivesse te mostrado as provas que encontrei, que provavan sua inocência…
–
– Talvez… talvez sua vida tivesse tomado outro rumo.
Minha respiração falhou.
Mas Orfeu disse que você gostava dele.
–
A voz de Benício vacilou. Ele me perguntou se eu teria coragem de
te fazer sofrer.
Eu tive medo… medo de que você não acreditasse em mim.
Então eu calei a boca.
As palavras saíram entre soluços.
Minha visão ficou embaçada pelas lágrimas.
Toda a minha vida…
Toda a minha dor…
Baseada em uma mentira.
Sem pensar, cerrei os punhos e o acertei no braço.
Ele chorava como uma criança.
-Me bate mais forte… – Soluçou. – A culpa é minha…
Revirei os olhos, afrouxando o cinto de segurança.
E então, o abracei.
Enquanto o socava de leve nas costas, resmunguei:
–
Como você é idiota!
– Você tem ideia de que… se não fosse por isso…
Engoli em seco, sentindo o coração esmagado pela ironia.
Se tivesse esperado um pouco mais… talvez… talvez eu tivesse tido coragem de dar um passo adiante.
– Talvez… eu tivesse te escolhido.
Benício ficou imóvel.
Um segundo.
Dois.
Então, sua voz saiu em um sussurro quebrado.
É verdade?
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capitulo 10
Você… você sentiu algo por mim naquela época?
As lágrimas transbordaram de vez.
Chorei alto.
Por todas as escolhas erradas.
Por todos os anos desperdiçados.
E me odiei.
Me odiei por não ter enxergado antes.
Como fui cega…
Orfeu, orgulhoso, egoísta e violento…
Nunca teria perdido três noites sem dormir por mim.
Benício teria.
Ele me apertou nos braços.
Seu peito tremia com soluços baixos.
Um som frágil.
Quase infantil.
E, por um instante, tudo pareceu tão absurdo…
Que soltei uma risada entre o choro.
Ele me olhou, confuso.
O que foi?
Sorri, limpando suas lágrimas.
Chega de chorar.
Perdemos a última vida…
Segurei seu rosto entre as mãos.
Mas ainda temos essa.
Benício me encarou.
Então, sorriu entre lágrimas.
E assentiu.
Naquela mesma noite, partimos juntos para a Austrália.
No dia seguinte, o vídeo da minha suposta morte caiu na rede.
Eu, pulando no rio.
Orfeu, de joelhos na margem, chorando como um louco.
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capitulo 10
A internet explodiu.
As imagens do nosso casamento vieram à tona. Na integra.
Cada palavra que Rafaela me enviou.
Cada insulto. Cada provocação. Tudo foi exposto.
Orfeu e Rafaela, o casal perfeito, agora estavam na boca do povo.
Viraram alvo de escárnio, risadas, vergonha.
O nome deles gravado no pilar da infâmia.
Claro, escândalos não derrubam impérios.
Mas são suficientes para manchar reputações.
E naquela sociedade, reputação é tudo.
Orfeu me procurou desesperado.
Recusava–se a acreditar que eu estava morta.
Mas Damarco e Benício apagaram meus rastros do mundo.
Por meses, ele enlouqueceu.
Então, cedeu.
Aceitou minha morte.
E buscou redenção.
Virou–se para os santos, os altares, os templos.
Rezava como se pudesse me trazer de volta.
E Rafaela…
Ela se recusou a rezar por mim.
Então, Orfeu a obrigou. Cada passo. Cada joelho no chão. Cada prece forçada.
Até que ela tropeçou.
Rolou escadaria abaixo.
Morreu no impacto.
E levou o bebê junto.
A mãe dela surtou. Gritou, exigiu justiça.
Mas o pai? Calado.
Sr. Nunes aceitou um acordo da família Garcia.
Tomou o dinheiro e seguiu a vida.
Inclusive, trouxe o filho bastardo para casa.
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capitulo 10
Mas Sra. Nunes… não perdoou.
Guardou seu odio como quem afia uma faca.
E na primeira oportunidade, usou–a.
Num evento de negócios, assassinou o próprio marido.
E Orfeu.
Com uma única bala.
Quando ele caiu, um bilheté deslizou do bolso.
Uma passagem.
Destino: Austrália.
Ele finalmente encontrou meu paradeiro.
Mas era tarde demais.
Naquela noite, eu terminava um trabalho acadêmico.
Desliguei o notebook, me espreguicei e saí do quarto.
Lá embaixo, ouvi risadas. Desci as escadas.
Eurico me viu primeiro. Os olhos brilharam.
Ele apontou para um castelo de Lego sobre a mesa.
– Feliz aniversário, tia!
Benício cruzou os braços, fingindo aborrecimento.
-Ei! Tínhamos um acordo! Eu deveria ser o primeiro a dar os parabéns!
Eurico riu, zombeteiro.
– Você tá velho. Reflexo lento. O problema é seu!
Benício soltou um “hmph“, fingindo desgosto.
Então, sorriu.
E caminhou até mim.
De repente, ajoelhou–se sobre um dos joelhos.
Abriu uma caixinha de veludo.
Lá dentro, um anel
Um anel simples, mas brilhante.
Feliz aniversário.
–
Ele sorriu.
–
E… posso, enfim, ter meu lugar ao seu lado?
Eu sorri.
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Captude 10
Meu reflexo no vidro da janela me encarava.
Olhos vivos. 3
Olhos brilhantes,
Estendi a mão,
Será um prazer.
Desta vez, a felicidade será minha.
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