capítulo 6
Orfeu achou que tinha vencido.
Com a confiança de um rei coroando sua rainha, deslizou um anel de diamante rosa em meu dedo.
y
-Mirabel, eu vou cuidar de você para sempre.
O celular tocou.
Ele olhou a tela e seu rosto mudou na hora.
Eu já sabia quem era.
Pode atender. – Minha voz saiu calma.
Orfeu hesitou, mas atendeu.
Do outro lado da linha, a voz açucarada de Rafaela ecoou pelo quarto:
– Orfeu! Vem logo! O médico acabou de me dizer…
Ela riu, eufórica.
–
Estou grávida!
Nós vamos ter um bebê!
O mundo parou.
O celular quase escorregou dos dedos de Orfeu.
Ele me olhou.
Eu também o olhei.
E a dor me atingiu como uma lâmina afiada.
Eu sempre achei que Orfeu amava Rafaela sem perceber.
Mas agora…
Agora eu via que eles já estavam juntos esse tempo todo.
Enquanto eu chorava a perda do meu filho, ele ganhava um novo.
O filho da mulher que sempre amou.
Que piada cruel.
Meus olhos ficaram vermelhos, a raiva subindo como um incêndio incontrolável.
Com um movimento brusco, me levantei da cama e, sem hesitar, minha mão atravessou seu rosto.
O estalo do tapa ressoou pelo quarto.
Desgraçado! – Minha voz tremeu de ódio.
Se já estava dormindo com ela, por que ainda quis se casar comigo?!
E então, tudo fez sentido.
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capitulo 6
Na outra vida, quando Rafaela morreu…..
Orfeu não só perdeu a mulher que amava.
Ele perdeu o filho dela.
E por isso me odiou tanto.
Mas agora…
O que isso tinha a ver comigo?
Foi ele quem não entendeu os próprios sentimentos.
Foi ele quem insistiu em me ter.
Foi ele quem forçou esse casamento.
E eu…
Por que eu deveria pagar pelo que ele perdeu?
Orfeu desligou o celular às pressas.
Não é o que você está pensando!
Sua voz tremia.
– Ela me drogou! Foi no meu aniversário!
Eu não sabia o que estava acontecendo!
–
No dia seguinte, deixei claro que nunca mais deveria mencionar isso. Dei até um remédio
para
ela!
Ele passou a mão pelos cabelos, desesperado.
-Eu juro, Mirabel, eu não sabia que ela não tinha tomado…
– Muito menos que engravidaria…
Ele segurou minha mão com força, seus olhos queimando em desespero.
Mas eu te amo!
Você sabe disso!
– Esses quatro anos não significam nada para você?!
Meu corpo tremeu.
Mas não foi por emoção.
Foi porque, de repente, uma nova onda de sangue subiu pela minha garganta.
E eu cuspi vermelho outra vez.
– Tia! Eurico gritou, correndo para mim.
Se colocou entre mim e Orfeu, empurrando–o com fúria.
Sai daqui! Você vai matar minha tia!
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capitulo 6
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VAI EMBORA, SEU MALDITO!
Orfeu hesitou.
E então…
Sua expressão mudou.
De súplica para preocupação teatral.
-Não se exalte, Mirabel. Sua voz sobu falsa, indulgente
Eu vou embora.
-Amanhã eu volto para te ver.
– E você não precisa se preocupar com essa gravidez.
Vou fazer com que Rafaela tire esse bebê.
– Porque a única mulher que pode ter filhos meus…
Ele olhou diretamente nos meus olhos.
É você.
Meu estômago revirou.
Mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa…
Orfeu se virou e saiu do quarto.
No exato momento em que Benício entrava com o médico.
Ele foi correndo acalmar Rafaela, não foi?
Sorri, zombeteira, sem nem precisar perguntar.
Orfeu dizia querer que ela tirasse o filho, mas, no fundo, valorizava aquela criança mais do que tudo.
E eu?
Ele nem se deu ao trabalho de perguntar quando descobri minha gravidez…
Nem por que nunca contei a ele…
Afinal, eu era apenas um brinquedo que ele ainda não tinha jogado fora.
Meu filho não significava nada para ele.
Depois de alguns exames, o médico garantiu que eu estava bem, apenas emocionalmente abalada.
Assim que ele saiu, Benício mergulhou uma toalha na água morna e, com delicadeza, limpou os vestígios de sangue nos meus lábios.
Eurico, em silêncio, me entregou um copo d’água.
—
– Benício, pode pedir para seu motorista levar Eurico para a escola? – Pedi, entrelaçando os dedos ao redor do copo.
Ele imediatamente pegou o celular.
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capitulo 4
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Eurico hesitou, como se quisesse protestar, mas, ao encontrar meu olhar, resignou–se.
Entregou–me a água, insistiu para que eu me cuidasse, e salu a passos lentos, olhando para trás a cada poucos
metros.
Assim que ficamos sozinhos, Benício não aguentou mais.
-Por que você aceitou, Mirabel? A pergunta saiu áspera, quase urgente.
Não respondí.
Ele não me deu tempo.
Você sempre foi tão orgulhosa, radiante… Como pode aceitar ser o brinquedo dele?
Abri a boca para falar, mas ele continuou, a voz trêmula de frustração:
-Sei que você tem medo da família Garcia.
– Sei que acha que não pode enfrentá–los sozinha.
Ele inspirou fundo, o peito subindo e descendo, e então olhou direto nos meus olhos.
Mas você não está sozinha.
– Eu estou aquí.
Uma pausa.
Um segundo.
E então, a promessa:
Se você quiser… eu posso te ajudar a acabar com eles.
Suas orelhas estavam vermelhas.
Seus olhos, ardendo.
Soltei um suspiro frio.
– Seguir você ou Orfeu… No fim, há alguma diferença? – Inclinei levemente a cabeça, desafiadora.
Em ambos os casos, não passo de uma mulher mantida por um homem.
Mas então..
Algo inesperado aconteceu.
Os olhos de Benício ficaram vermelhos de indignação.
Ele parecia… magoado.
Magoado comigo.
Mirabel, eu não sou como Orfeu!
–
Sua voz tremeu de emoção.
Eu não tenho amantes.
-Eu nunca traí ninguém.
Engoli em seco.
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capitulo 6.
Benício respirou fundo.
Seus olhos, ardentes e determinados, estavam fixos nos meus.
-Eu gosto de você.
No começo, foi pela sua beleza.
Mas agora… agora me perdi no seu talento, na sua força, ha sua coragem.
– É só isso. Só você.
Meu coração disparou.
Não esperava que apenas uma provocação boba fosse deixá–lo assim.
Tão sincero.
Tão vulnerável.
Tão próximo de chorar.
Tossi, desconcertada.
Não foi isso que eu quis dizer. Baixei a voz, desviando o olhar.
Só não quero te envolver nessa guerra.
Mas Benício não se acalmou.
-Eu não tenho medo, Mirabel. – Deu um passo à frente, olhar suplicante.
–
Me deixa te ajudar.
Me dá essa chance.
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