capítulo 9
Subi as escadas sem hesitar.
Atrás de mim, passos apressados.
Orfeu tentou me seguir. Mas foi puxado por Rafaela.
Virou–se para olhar Rafaela…
E, então, ele se deu conta.
Se deu conta de quem ela realmente era.
Do veneno escondido atrás daquela máscara de ingenuidade
Do jogo sujo que ela jogava.
E, acima de tudo…
Das palavras que ela acabara de dizer.
A raiva subiu como um incêndio.
Sem pensar, ele ergueu a mão e a esbofeteou com força.
Rafaela arregalou os olhos, chocada.
Nunca, em toda a sua vida, alguém ousou levantar a mão contra ela.
E foi justamente Orfeu…
Seu Orfeu.
Ela levou a mão ao rosto, lágrimas brotando instantaneamente.
– Orfeu, seu desgraçado!
A voz tremia.
Eu sou sua esposa agora!
–
Mirabel é só uma amante imunda!
O ódio em seu olhar era puro e bruto.
Eu já fui muito paciente por não tê–la matado!
Orfeu a encarou.
Seu rosto perdeu toda a expressão.
Frieza absoluta.
Já chega.
A voz baixa e cortante.
Por causa do bebê, não vou fazer nada contra você.
—
Mas saia daqui.
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capitulo 9
Agora.
Rafaela hesitou.
Depois, apertou os punhos, furiosa.
-Orfeu! Eu sou sua esposa! Você está me expulsando por causa dela?!
Orfeu recuou um passo.
Imediatamente.
Os olhos de Rafaela se encheram de sangue.
Ela saiu.
Assim que ficou sozinho, Orfeu subiu as escadas.
Parou diante da porta.
Trancada.
Respirou fundo e tentou manter calma.
Mirabel, abra a porta.
Vamos conversar, por favor.
Minha voz veio do outro lado.
Fria. Inatingível.
– Estou cansada, Orfeu.
a
Não quero conversar. Volte amanhã.
Ele prendeu a respiração.
Isso já era um alívio.
Pelo menos, eu não o havia cortado completamente.
Ainda havia esperança.
Ele ia continuar insistindo, mas…
O celular tocou.
Ele apertou os olhos, frustrado.
Atendeu.
Ouvi sua respiração pesada.
Então, vi pela janela quando saiu apressado da casa.
Assim que ele se afastou…
Peguei meu celular.
Mensagem enviada.
425 BOAS
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capitulo 9
“Venha me buscar esta noite.”
Segundos depois, a resposta veio.
Uma foto de Eurico, já no aeroporto.
E uma única palavra.
–“Aguarde.”
E então, à noite…
As chamas começaram a subir.
A mansão, envolta pelo fogo, queimava como um inferno dourado.
O teatro havia acabado.
E, no meio da confusão…
Entrei no carro de Benício.
Ele dirigia em silêncio.
Mas quando se afastamos o suficiente, abriu a boca: 1
– Arranjei alguém para se passar por você.
– Ela vai pular no lago.
– Orfeu receberá a notícia da sua morte em breve.
Minha primeira risada genuína em meses ecoou pelo carro.
Estava livre.
Finalmente.
Benício franziu o cenho.
– Você não precisava fingir a própria morte.
Ele me olhou, sério.
-Eu já disse. Eu poderia te proteger.
Balancei a cabeça, sorrindo.
Não.
Meus olhos brilharam na escuridão.
Somente na morte, Orfeu nunca me esquecerá.
Somente assim, ele e Rafaela estarão condenados um ao outro.
Para sempre.
Houve um silêncio.
. Então, me virei para ele.
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capítulo 9
– Depois de tudo que sofri…
Me inclinei levemente.
Minha voz, um sussurro gélido.
—
Você acha mesmo que eu poderia simplesmente… partir
Benício travou o volante.
O carro tremeu ao parar bruscamente.
Ele virou–se para mim, atordoado.
Os dedos dele tremeram no volante. Os olhos, agitados. A voz, hesitante.
O que… o que você está dizendo?
Mas eu não respondi.
Apenas o encarei, com os olhos marejados.
Então, sussurrei:
Benício… Como você morreu na última vida?
O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor.
Benício desviou o olhar.
Fugindo. Mas não adiantava.
Apertei os lábios. E continuei.
–
Você também voltou no tempo, certo?
Vi seu corpo enrijecer.
Foi por isso que desistiu da viagem para a Austrália.
Foi por isso que apareceu no dia do meu casamento.
Ele respirou fundo, apertando o volante:
Eu pensei que Orfeu também tivesse voltado.
Ele fechou os olhos por um instante.
As coisas estavam diferentes demais… Mas, no fim, era você.
Sua voz tremeu.
-Me desculpa, Mirabel. Na última vida… eu fui um covarde.
Os olhos se enchèram de lágrimas.
Fugi para a Austrália.
Me distanciei de tudo.
A cada palavra, seu peito parecia mais pesado.
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capitulo 9
Eu realmente acreditei que você seria feliz.
Mas quando soube o que Orfeu fez com você…
Sua voz se quebrou.
Eu já não estava mais lá para te salvar.
– Quando voltei, já era tarde.
Os ombros tremiam.
Vi seu túmulo.
-E percebi que não havia mais motivo para continuar.
Meu coração apertou.
Benício…
Ele riu, de um jeito amargo.
-Eu só soltei o volante. Deixei o carro decidir.
A dor dele ressoava na minha.
Eu nunca imaginei…
Nunca, nem em um milhão de anos, que Benício seria tão tolo ao ponto de morrer por mim.
Meus lábios se moveram antes que eu percebesse.
A voz, baixa, incrédula, trêmula.
– Por quê?
Engoli em seco.
Eu não valia a pena.
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